Janeiro: O Sábado dos Meses
- Thalita Neres
- 3 de jan.
- 3 min de leitura
Janeiro é como o sábado dos meses: cheio de energia, promessas e, às vezes, uma leve ressaca. Eu gosto de janeiro. Talvez porque adoro agendas anuais e, convenhamos, faz mais sentido comprar um planner em janeiro e claro, amo a folga de Janeiro!
Falando sério agora, o que realmente me encanta em janeiro é a promessa. Aquela promessa meio ingênua, meio teimosa, de que esse será o ano. O ano do "tudo vai ser melhor", como se começar um novo calendário fosse suficiente para resetar nossos erros e incertezas. Mas, sabe de uma coisa? Eu critico o romantismo disso, mas sou uma romântica incurável, já diz meu amigo Ricardo. E talvez eu seja grata por isso. Porque, no fim, o mundo pode ser escuro e triste, mas olhar para ele com olhos mais suaves e esperançosos nos dá algo que muitos não têm: fé.

A verdade é que precisamos dessa energia, mesmo que ela venha de um autoengano. O ponto não é de onde a tiramos, mas como a mantemos. E, olha, minhas maiores conquistas começaram com essas pequenas mentiras que contei a mim mesma: "Dessa vez, eu não vou desistir do projeto." Eu disse isso tantas vezes que, para algumas coisas, acabou dando certo.
Esse ano, nem fiz vision board. Ano passado, fiz um caprichado e terminei o ano em um lugar completamente diferente do planejado: mudei de cidade, de rotina, de prioridades. A vida tem suas próprias formas de nos guiar para onde PRECISAMOS estar e não para onde QUEREMOS.
E tudo bem. Janeiro é sobre começar, mas também sobre reajustar. Passei os últimos seis anos na muvuca da virada em Balneário Camboriú, com fogos, música alta e aquela sensação de que todo mundo está vivendo um momento espetacular. Esse ano, foi diferente. Fiquei em casa, no centro de Curitiba, com Alexandre, e justo naquela noite tive uma crise terrível. Talvez pela ausência do caos, talvez pela saudade dos amigos e da família, talvez porque, na quietude, enxergamos demais – ou ao menos, me sinto assim.
Não ligo tanto, já tive terças e segundas tão mais incríveis do que qualquer virada de ano ou datas comemorativas que tudo bem não ter sido tão bom - Detesto a pressão de TER QUE SER LEGAL algum dia x só por convenção social. E pensando bem, por que tanto peso no 1º de janeiro?
Não é aniversário da Terra! O calendário que usamos hoje, o gregoriano, foi implementado em 1582 por ordem do Papa Gregório XIII. Antes disso, tínhamos o calendário juliano, criado por Júlio César, e antes dele... bem, uma confusão de ciclos solares e lunares tentando dar sentido ao tempo. O curioso é que esses ajustes tinham menos a ver com celebrações e mais com alinhamentos astronômicos – e questões práticas, como saber quando plantar ou colher.
E, tal como os povos antigos, eu também acredito que é sobre plantar. Não basta fazer promessas, pular sete ondinhas, usar roupa branca ou acreditar que a cor da calcinha vai ditar a energia do ano. É preciso plantar. E o cuidado para colher é essencial: ajustar a terra, revisar o terreno, entender que o tempo é um aliado que exige paciência.
Talvez o que precisamos, mais do que acreditar no poder mágico do primeiro dia do ano, seja entender que cada dia tem o potencial de ser um começo. Janeiro nos lembra disso. Mas não é preciso esperar por janeiro, mudanças e planos podem ser iniciados qualquer dia :)
Eu sempre me considerei boa em começar. Talvez por isso me identifiquei tanto com uma personagem de um livro que li ano passado, Dobradiça. Ela era excelente em abrir portas, mas nem sempre sabia fechá-las – e eu sou assim. Começo projetos, mudanças, ideias, mas encerrar as coisas, colocar o ponto final, é outra história.
Às vezes, olho mais para o 31 de dezembro do que para o 1º de janeiro. Gosto de refletir sobre o que foi, sobre o que ficou pelo caminho, mais do que pensar no que pode ser. Ainda assim, o primeiro dia do ano sempre me traz um significado especial – e muito pessoal.
É o aniversário da minha mãe. Então, mãe, feliz aniversário! Você é minha constante, minha força e o lembrete diário de que, mesmo quando a vida não sai como planejamos, é possível florescer.
Enfim, em vez de terminar o meu projeto dos e-mails, decidi recomeçar. E aqui estamos: um blog. Na mesma proposta de pelo menos um texto por mês... PERA! Aqui estou eu, fazendo minhas promessas para 2025...
Então, que 2025 seja um ano para persistir, para plantar, para colher com paciência e, acima de tudo, para continuar absorvendo os aprendizados da vida.
Vida Longa e Prospera,
Thalita Neres.
Queria muito fazer um mega comentario, mas como tudo no vida conversas podem não ser só sobre falar, mas tambem sobre ouvir, meu comentario então se resume a: Meu começo de ano pode não ter sido como o esperado, mas concordo com seu pensamento, janeiro é sobre recomeço, e o primeiro dia foi perfeito, então porque não recomeçar denovo no dia 4 ou 5? Obrigado por uma nova visão:)
Eu também sou um romântico incurável e mesmo não acreditando em signos as vezes os espio pois amo essa energia que, embora eu não acredite, é gostoso ter um feedback que as coisas vão dar certo, assim como embora a terra tenha dado uma volta no sol não muda nada na minha vida, a numerologia das datas me dão uma bengala temporal que tudo vai ser diferente. O peso cultural da virada de ano é mais forte do que a data em si, e somos sim influenciados por esse comportamento do recomeço, veja só os costumes: roupas brancas, pular sete ondas, fazer sete pedidos diferentes. Todos esses são costumes originados de matrizes africanas, e mesmo vivendo num país cristão, a…
gosto da ideia de janeiro ser sábado. sempre achei janeiro domingo, preguiçoso, vazio e cheio de oportunidades. não sei quando ganhei a superstição de que a virada traz em si um spoiler cifrado do ano que vem em seguida. se isso for verdade, eu tenho uma chance de estar fodido esse ano. mas amo a oportunidade única que as viradas nos dão de parar e por um instante que seja acreditar que pode ser diferente. porque quase sempre é, e a única parte que falta, às vezes, é acreditar.